Mark Dever (Wikipedia de Dever)
Um dos aspectos mais frequentemente comentados no culto matinal do Dia do Senhor aqui na Capitol Hill Baptist Church é nada do que fazemos. Ou melhor, é O nada que fazemos. São os nossos momentos de silêncio.
Há silêncio entre vários momentos do culto. Eu encorajo os líderes da igreja a NÃO fazerem os “não momentos de silêncio”. Nós GOSTAMOS dos “momentos de silêncio”. “Momentos de silêncio” nos dão tempo para refletir. Para coletar nossos pensamentos. Para considerar o que nós acabamos de ouvir, ler ou cantar. O silêncio amplifica as palavras ou as músicas que nós acabamos de ouvir. Isso nos dá tempo de absorver tudo para dentro de nós e orar. Nós temos silêncio para nos prepararmos. Nós temos silêncio entre os anúncios e a leitura das Escrituras para o culto. Nós temos um momento de silêncio inclusive DEPOIS da celebração. Eu pronuncio a benção do final de II Coríntios, convido a congregação a permanecer sentada e então, depois de aproximadamente um minuto de silêncio, os pianistas começam a tocar suavemente o último hino que nós tínhamos acabados de cantar. Durante esses poucos momentos, nós nos preparamos para falar com os outros e partir. Nós entramos em conexão com Deus. Nós nos preparamos para a semana à frente.
Eu sou viciado em som. Até mesmo agora que eu estou escrevendo sobre silêncio, eu tenho Paganini explodindo em meu estúdio! Mas ontem de manhã na igreja durante um dos nossos silêncios, eu me dei conta de como o público se esforça para ficar em silêncio. Todo mundo se esforça para ficar em silêncio. Pessoas param de passar seus boletins ou olhar para alguma coisa em seus pulsos. Não há movimento. Nós, juntos, ouvimos o silêncio. Isso nos submerge. Isso aumenta nossa união. Isso é uma coisa que todos nós fazemos juntos. Juntos, nós consideramos o que nós acabamos de ouvir. Juntos nós contribuímos ao outro espaço para pensar.
Porque a igreja se esqueceu disso? Nossa cultura conhece isso. Nos mais solene momentos, nós temos um minuto de silêncio. E todos escutam o silêncio. Por que nós não fazemos isso na igreja?
No último século, E. M. Forster, em Passagem Para Índia, refere-se ”pobre cristianismo falador”. Talvez houve um tempo quando tudo que os cristãos faziam era se reunir para ouvir a leitura da Bíblia, pregar e orar. Mas esse dia se passou há muito tempo na maioria das igrejas evangélicas. Hoje, nós nos recolhemos mais para assistir do que para escutar. E cantar.
Mas em todo esse barulho do nosso coro, e baterias, e guitarras elétricas, e órgãos, e bandas de louvor, onde está a solenidade? Onde está a dignidade e majestade que é tão frequentemente indicada na Bíblia por um estupefato silêncio, encharcado em temor e coberto de maravilha?
Eclesiastes 3:7 nos diz que existe o tempo de falar e o tempo de calar, mas nós parecemos ter esquecido hoje que existe um tempo para o silêncio. Deus chama seu povo diante Dele em silêncio: “Mas o SENHOR está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra.” (Hab. 2:20).
Certamente como cristãos, nós temos muito para nos regozijar em voz alta, alegremente e cheios de expectativa! Mas não é parte das nossas assembleias regulares refletir o peso da nossa pecaminosidade diante de um Deus Santo - o silêncio da convicção - até mesmo de tristeza? Além disso, não faz parte das nossas assembleias regulares refletir o deslumbrante peso do nosso perdão em Cristo - o silêncio da maravilha - e até mesmo da humildade de algumas incompreensões?
Nós nos silenciamos exatamente porque Deus não tem mantido silêncio. Nós nos silenciamos a fim de que nós possamos ouvir a Deus falar em Sua Palavra (“Falou mais Moisés, juntamente com os sacerdotes levitas, a todo o Israel, dizendo: Guarda silêncio e ouve, ó Israel! Hoje vieste a ser povo do SENHOR teu Deus” Dt 27:9). Nós nos silenciamos para mostrar o nosso assentimento às acusações contra nós. (“Emudeci; não abro a minha boca, porquanto tu o fizeste.” Salmos 39:9). Nós nos silenciamos para mostrar respeito, obediência, humildade e retenção (“Cala-te diante do SENHOR Deus, porque o Dia do SENHOR está perto, pois o SENHOR preparou o sacrifício e santificou os seus convidados.” Sf 1:7; “conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina.” ICr 14:34; “E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio.” I Tm 2:12). Nós nos silenciamos para procurar nossos corações (“Irai-vos e não pequeis; consultai no travesseiro o coração e sossegai.” Salmos 4:4).
Nós nos silenciamos em nosso próprio tempo de oração, lendo e meditando na Palavra de Deus. Nós deveríamos também nos silenciar em nossos períodos de culto. Fazendo silêncio juntos edifica e unifica a igreja, testemunhamos para a majestade de Deus e implicitamente proclamamos Sua Graça para todos que escutam.
Por: Mark Dever. Website: 9Marks Postagem original: 9marks - Making Silence Together Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir esse material da forma que desejar, desde que indique as informações supracitadas, não altere o seu conteúdo original nem o utilize com qualquer fim comercial e lucrativo. |
“Esta é a permuta que, em sua bondade infinita, ele quis fazer conosco: recebeu nossa pobreza, e nos transferiu suas riquezas; levou sobre si a nossa fraqueza, e nos fortaleceu com o seu poder; assumiu a nossa mortalidade, e fez nossa a sua imortalidade; desceu à terra, e abriu o caminho para o céu; fez-se Filho do homem, e nos fez filhos de Deus.” João Calvino
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