Qual é
o valor que o dinheiro ocupa na sua vida?
“1Eia,
pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai, por vossas misérias, que sobre vós
hão de vir. 2As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas
vestes estão comidas de traça. 3O vosso ouro e a vossa prata se
enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e comerá como fogo a
vossa carne. Entesourastes para os últimos dias. 4Eis que o jornal
dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e que por vós foi diminuído,
clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos
exércitos. 5Deliciosamente vivestes sobre a terra, e vos
deleitastes; cevastes os vossos corações, como num dia de matança. 6Condenastes
e matastes o justo; ele não vos resistiu.”
Tiago 5:1-6
INTRODUÇÃO
1. O dinheiro hoje domina as casas de leis, os palácios dos governos e
as cortes do judiciário. O dinheiro é o maior deus deste mundo. Por eles as
pessoas roubam, mentem, corrompem, casam-se, divorciam-se, matam e morrem.
2. O dinheiro é mais do que uma moeda, ele é um espírito, um deus, ele é
Mammom. Ninguém pode servir a Deus e ao dinheiro. Ele é o mais poderoso dono de
escravos do mundo.
3. O problema não é possuir dinheiro, mas ser possuído por ele. O
dinheiro é um bom servo, mas um péssimo patrão. Não é pecado ser rico. A
riqueza é uma bênção. É Deus quem nos dá sabedoria para adquirirmos riqueza. O
problema é colocar o coração na riqueza. A raiz de todos os males não é o
dinheiro, mas o amor ao dinheiro.
4. Vivemos hoje uma economia global. A máquina econômica gira numa
velocidade caleidoscópica. Precisamos trabalhar mais e consumir mais. Os luxos
do ontem tornaram-se as necessidades do hoje. Mas o sistema pede não apenas
mais dinheiro, mas também mais do nosso tempo. Coisas estão se tornando mais
importante do que pessoas.
5. Os ricos estão se tornando cada vez mais ricos e os pobres cada vez
mais pobres. 50% das riquezas do mundo estão nas mãos de apenas 100 empresas.
Há empresas mais ricas que alguns países. A GM é mais rica que a Dinamarca. A
Toyota é mais rica que a África do Sul. A FORD é mais rica que a Noruega. O
Wal-Mart é mais rico que 161 países. Bill Gates em 2000 teve uma renda líquida
de 400 milhões de dólares por semana.
6. A corrupção está instalada na medula de nossa nação. Sentimos
vergonha ao ver tanto escândalo financeiro, quando os recursos que deveria vir
para aliviar o sofrimento do pobre são saqueados pelas ratazanas que roem
incansavelmente as riquezas da nação e os dráculas que insaciáveis que chupam o
sangue do povo.
7. A Palavra de Tiago é mais do que oportuna. Deveria ocupar as
manchetes dos jornais.
I. COMO OS RICOS
ADQUIRIRAM SUAS RIQUEZAS – V. 4,6a
1. A Bíblia não proíbe o homem ser rico, se essa riqueza vem como fruto
da bênção de Deus e do trabalho honrado (Sl
112; Pv 10:4). Abraão e Jó eram homens ricos e também piedosos. O que a
Bíblia proíbe é adquirir riquezas por meios ilícitos e para propósitos
ilícitos. Amós 2:6 condena o aquirir
riquezas ilícitas e Isaías 5:8
condena o adquirir com propósitios ilícitos.
2. Não é pecado ser rico. Não é pecado ser previdente. Não é pecado
usufruir as benesses da riqueza. O pecado está ligado a origem, ao meio e ao
fim da riqueza.
3. Tiago fala que os ricos que ajuntaram riqueza ilícita enfrentarão a
inevitabilidade do juízo de Deus (v. 1).
O luxo de hoje tornar-se desventura amanhã (v. 1). Exemplo: A opulência da riqueza de Saddam Hussein.
4. A segurança do dinheiro é falsa. A alegria que ele proporciona é
fugaz (v. 1). Veja o contraste entre
a falsa e a verdadeira riqueza em 1 Tm
6:6-10,17-19.
5. Tiago menciona duas formas pecaminosas com que os ricos adquiriram
suas riquezas:
A. Retendo o salário
dos trabalhodores com fraude – (v. 4)
Os ricos não apenas estavam retendo o salário dos trabalhadores, mas
estavam retendo o salário deles com fraude. Eles estavam ricos por roubar dos
pobres (Pv 22:16,22).
A lei de Moisés proibia ficar com o salário do trabalhador até à noite
(Dt 24:14-15): “Não oprimirás o jornaleiro pobre e necessitado, seja ele teu
irmão ou estrangeiro que está na tua terra e na tua cidade. No seu dia, lhe
darás o seu salário, antes do pôr-do-sol, porquanto é pobre, e disso depende a
sua vida; para que não clame contra ti ao Senhor, e haja em ti pecado”.
“Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não
ficará contigo até pela manhã” (Lv 19:13).
Os trabalhores foram contratados por um preço e fizeram o seu trabalho,
mas não receberam. O crente precisa ser honesto para pagar suas dívidas e
cumprir com os seus compromissos financeiros.
B. Controlando as
cortes- (v. 6a)
A regra de ouro do mundo é que aqueles que têm o ouro é que fazem as
regras. Os ricos se fortalecem porque compram as sentenças, subornam os
tribunais e assim oprimem ainda mais os pobres que não podem oferecer
resistência.
Nos versos 2-3 e no v. 5 há o uso egoísta da riqueza
(acúmulo e luxúria), cada um dos versos seguidos por uma condenação dessa prática
v. 4 e 6.
Os ricos condenam os pobres nos tribunais (2:6 e 5:6). Na diáspora os crentes foram dispersos e perderam seus
bens, propriedades, casas (1:1).
Judas vendeu Jesus por dinheiro. Os ricos compravam as sentenças contra
os pobres por dinheiro e assim condenavam e matavam os justos (um símbolo do
que foi feito com Cristo).
Quando Deus estabeleceu Israel em sua terra, deu ao povo um sistema de
cortes (Dt 17:8-13). Ele advertiu os
juízes para não serem garanciosos (Ex
18:21). Os juízes não podiam ser parciais entre os ricos e os pobres (Lv 19:15). Nenhum juiz podia tolerar
perjúrio (Dt 19:16-19). O suborno
era condenado pelo Senhor (Is 33:15; Mq
3:11; 7:3). Amós denunciou os juízes que vendiam sentenças por suborno (Am 5:12,13).
Os pobres não tinham como resistir os ricos. Eles controlavam as
próprias cortes. Eles só podiam apelar para Deus, o justo juíz.
II. COMO OS RICO
USARAM SUAS RIQUEZAS – V. 3-5
1. Já é uma coisa pecaminosa adquirir riquezas de forma pecaminosa, mas
maior pecado ainda é usar essas riquezas de forma também pecaminosa. Tiago cita
três formas pecaminosas de usar as riquezas:
A. Eles acumularam
de forma avarenta as riquezas – (v. 3)
Não há nenhum pecado em ser previdente, fazer investimentos e em prover
para si, para a família, para ajudar outros (2 Co 12:14; 1 Tm 5:8; Mt 25:27).
Mas é pecaminoso acumular o que não é nosso. Eles ajuntavam o que deviam
pagar aos trabalhadores. Anos depois os Romanos saquearam todos os seus bens e
suas riquezas foram espoliadas.
É uma grande tragédia uma pessoa ajuntar tesouros para os últimos dias e
não ajuntar tesouros no céu.
Confiar na provisão e não no provedor é um pecado. Quem assim age, vive
como se nossa pátria fosse a terra e não o céu (Lc 12:15-21). Confiar na instabilidade da riqueza ou na transitoriedade
da vida é tolice (4:14; 1 Tm 6:17).
A vida de um homem não consiste na quantidade de bem que ele possui (Lc 12:15).
B. Eles mantiveram
os necessitados longe do benefício de suas riquezas – (v. 4).
Os ricos não apenas acumularam riquezas, guardando gananciosamente suas
moedas ao ponto de ajuntar ferrugem, mas estavam armazendo não suas próprias
riquezas, mas o salário dos ceifeiros.
Eles não estavam sendo fiéis na mordomia dos bens. Eles estavam sendo
fraudulentos. O roubo é pecado. Deixar de pagar salários justos e reter os
salários ardilosamente é um grave pecado aos olhos de Deus.
C. Eles estavam
vivendo na luxúria enquanto os pobres estavam morrendo – (v. 5)
Luxúria = triphao – só encontrado aqui no NT = extravagante conforto.
Prazeres = spatalao – entregar-se aos prazeres e aos vícios (1 Tm 5:6). As duas palavra juntas
significam uma vida sem auto-negação, uma vida regalada, desenfreada, sedenta
apenas dos prazeres e conforto. Eles pecaram contra a justiça e contra a
temperança.
Jesus ilustrou essa atitude nababesca falando sobre o rico que vivia
regaladamente em seus banquetes sem se importar com o pobre ou mesmo com o
destino da sua alma (Lc 16:19-31).
III. O QUE
ACONTECERÁ ÀS SUAS RIQUEZAS – V. 1-4
Tiago menciona as
consequências do mau uso das riquezas:
A. As riquezas mau
usadas irão desvanecer – (v.2-3a)
Nada daquilo que é material permanecerá para sempre neste mundo. As
sementes da morte estão presentes em tudo aquilo que está neste mundo. É uma
grande tolice pensar que a riqueza possa trazer estabilidade permanente. Assim
diz o apóstolo Paulo: “Exosta os ricos do presente século que não sejam
orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em
Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento” (1 Tm 6:17).
Além disso a vida é passageira: “…sois, apenas, como neblina que aparece
por instante e logo se dissipa” (Tg 4:14)
e não podemos levar nada desta vida: “Porque nada temos trazido para o mundo,
nem cousa alguma podemos levar dele” (1
Tm 6:7).
Jesus disse para o rico insensato: “… louco, esta noite te pedirão a tua
alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc 12:20).
B. As riquezas mau
usadas destroem o caráter – (v. 3)
Diz Tiago: “O vosso ouro e a vossa prata foram gastos de ferrugens, e a
sua ferrugem há de ser por testemunho contra vós mesmos e há de devorar, como
fogo, as vossas carnes…” (5:3).
Este é o julgamento presente da riqueza. O veneno da riqueza infectou a
pessoa e ela está sendo devorada viva. A cobiça leva a pessoa a cometer todos
os outros mandamentos. Ló ao se tornar rico pôs sua vida e sua família a
perder. Diz Deus: “… se as vossas riquezas prosperam, não ponhais nelas o
coração” (Sl 62:10). O bom nome é
melhor do que as riquezas (Pv 22:1).
A piedade com contentamento é grande fonte de lucro (1 Tm 6:6). O casamento feliz é melhor do que finas jóias.
C. As riquezas mau
usadas acarretam o inevitável julgamento de Deus – (v. 1,3,5)
Tiago viu não apenas o presente julgamento (as riquezas sendo devoradas
e o caráter sendo destruído), mas também ele falou do julgamento futuro diante
de Deus (v. 1, 9). Jesus é o reto
juiz e ele julgará retamente. Todos comparecer diante do tribunal de Cristo
para dar conta de suas vidas.
Veja as testemunhas que Deus vai chamar nesse julgamento:
1) As suas próprias
riquezas enferrujadas e suas roupas comidas de traça vão testemunhar contra
eles no juízo – (5:3) – revelando a
avareza de seus corações. Há uma ironia aqui: os ricos armazenam suas riquezas
para protegê-los e elas serão contra ele para condená-lo.
2) O salário retido com
fraude dos ceifeiros vão testemunhar contra eles – (5:4) – O dinheiro tem voz. Ele fala e sua voz chega ao céu, aos
ouvidos do Senhor dos Exércitos. Deus ouviu o sangue de Abel e ouve o dinheiro
roubado dos trabalhadores.
3) Os trabalhadores
irão também testificar contra eles (5:4b)
– Não haverá change dos ricos subornarem as testemunhas e o juiz. Deus ouve o
clamor do seu povo oprimido e os julga com justiça.
D. As riquezas mau
usadas revelam a perda de uma preciosa oportunidade – (v. 3)
Pense no bem que poderia ter sido feito com essa riqueza acumulada de
forma avarenta. Pobres poderiam ter sido assistidos, o reino de Deus expandido,
o salário dos ceifeiros pago. O que esses ricos guardaram, perderam anos depois
quando Roma começou a perseguir os judeus (64 d.C e 70 d.C.).
O dinheiro não deve ser uma arma para controlar e dominar os outros, mas
um instrumento para ajudar os necessitados. O que guardamos, perdemos. O que
damos, retemos.
Uma pessoa pode ser rica neste mundo e pobre no mundo por vir. Pode ser
pobre aqui e rica no mundo vindouro.
O dinheiro fala: o que ele irá testemunhar sobre você no dia do juízo?
CONCLUSÃO
Como você tem lidado
com o dinheiro: ele é seu dono ou seu servo? Seu coração confia na provisão ou
no provedor?
Você é honesto no
trato com o dinheiro? Você tem alguma coisa em suas mãos que não lhe pertence?
Os bens que você tem foram ganhados licitamente?
Você tem usado seus
bens para ajudar outras pessoas, ou você tem acumulado apenas para o seu
deleite e conforto?
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Esta série de sermões foi
extraída do site Palavra da Verdade. Todos os sermões foram pregados pelo
Reverendo Hernandes Dias Lopes.
Para ler, ouvir e assistir mais
sermões acesse:
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“Esta é a permuta que, em sua bondade infinita, ele quis fazer conosco: recebeu nossa pobreza, e nos transferiu suas riquezas; levou sobre si a nossa fraqueza, e nos fortaleceu com o seu poder; assumiu a nossa mortalidade, e fez nossa a sua imortalidade; desceu à terra, e abriu o caminho para o céu; fez-se Filho do homem, e nos fez filhos de Deus.” João Calvino
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